Publicidade em Foco: Reflexões sobre os Desafios na Saúde Alimentar Brasileira

 A indústria de alimentos utiliza de muitos mecanismos para atrair a atenção dos consumidores - desde embalagens atraentes, amostras grátis de produtos, ofertas de brindes até a colocação de produtos em locais estratégicos dentro dos supermercados- E a partir da veiculação de informações  incorretas ou incompletas estimula o consumo diário e em grande quantidade de alimentos ultraprocessados.

  A mudança do perfil epidemiológico nas últimas décadas devido ao crescente aumento de casos de obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e outros, frequentemente associadas a maus hábitos alimentares e sedentarismo acendem um alerta para um grave problema de saúde pública e  os hábitos de consumo alimentar do brasileiro. Estima-se que os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com as doenças crônicas não transmissíveis totalizam 69% dos gastos com atenção à saúde.

  O aumento de consumo de alimentos industrializados na dieta familiar brasileira, ricos em açúcares e gorduras, substituindo alimentos básicos, fontes de carboidratos complexos e fibras alimentares, é traço marcante dessa evolução do padrão alimentar, e a publicidade desses alimentos pode estar diretamente ligada a essas mudanças. Pesquisas realizadas no Brasil pela InterScience apontam que as crianças influenciam 92% das compras de produtos alimentícios, e que a presença de personagens, embalagens e publicidade destinada a esse público são os principais fatores determinantes para a escolha dos produtos. 

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  Os ultraprocessados como biscoitos, guloseimas, refrigerantes e salgadinhos estão entre os produtos mais suscetíveis a influenciar o público infantil, o que evidencia a importância da rotulagem adequada desses produtos, mantendo os pais cientes da qualidade nutricional e possibilitando os responsáveis de fazer escolhas mais conscientes. 

  A estratégia de citar que o alimento é enriquecido por nutrientes é uma tendência entre as marcas  e produtos que tem em seu rótulo a citação desses nutrientes tem se destacado nas vendas. Porém a adição ou presença de vitaminas e minerais não é garantia de qualidade e alto valor nutricional, e grandes quantidades de açúcares, sódio e gorduras muitas vezes também estão presentes. As novas regras para rotulagem são estratégias importantes no combate à desinformação, mas é importante que o consumidor não dependa apenas dessas informações que ainda estão desatualizadas no mercado.

  O estímulo ao consumo de alimentos saudáveis em escolas, unidades de saúde, mídias, envolvendo profissionais de saúde e entidades governamentais são o caminho para a promoção da saúde. A democratização do conhecimento é a chave para um futuro mais saudável e sadio, apenas com informações corretas de fontes confiáveis os consumidores poderão tomar melhores decisões alimentares e mudar a realidade atual da saúde no Brasil.

Ana Luiza Campos 26 de nov. de 2023

referencias utilizadas nesse texto: DE MORAES RINALDINI PHILIPPO TANCREDII, J. S. G. F. Y. DA S. O. M. G. Marketing de alimentos industrializados destinados ao público infantil na perspectiva da rotulagem. visa em debate, 22 dez. 2014. Disponível em: <https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/download/293/227/2512> Acesso em: 26. nov. 2023