O cenário da saúde pública no Brasil e no mundo vem se organizando de uma forma que exige uma formação para profissionais que supra as demandas da atenção à saúde de forma mais eficiente. Avaliando a realidade nutricional brasileira, em que a desnutrição e o excesso de peso estão muito presentes e acompanhados de comorbidades, a formação do nutricionista precisa ser completa e capaz de preparar o profissional para atender as necessidades sociais - especialmente de saúde pública e do Sistema Único de Saúde (SUS).
A formação do nutricionista como profissional da saúde tem como pilares: o arcabouço teórico do SUS, a valorização de postulados éticos e de cidadania, o conhecimento dos processos de cuidado, saúde e doença; e deve considerar a realidade social, política, cultural, bem como a diversidade regional brasileira. Muitas iniciativas, como o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, buscam a aproximação do conhecimento técnico com a realidade dos serviços e usuários, para atender plenamente as necessidades da população e os desafios do sistema de saúde, visando seu fortalecimento.
Em contrapartida a esses esforços, ao observar as grades curriculares de cursos de nutrição e de pós-graduação na área, é notável a valorização do conhecimento técnico e específico, com pouca inclusão de outras áreas relacionadas a saúde pública. Isso limita as opções de uma formação mais ampla e pode contribuir para um menor interesse dos profissionais de saúde ao ingressar no mercado de trabalho, buscarem a saúde pública como opção.
A capacitação deveria ser mais abrangente e visando o desenvolvimento de profissionais preparados para lidar com os desafios das áreas de saúde e de segurança alimentar e nutricional. A simples execução de tarefas técnicas e o desenvolvimento de dietas não atendem as demandas da população brasileira: é preciso buscar uma formação de profissionais que garanta competências e habilidades para atuar em diversas áreas, inclusive no desenvolvimento de políticas e programas que visam a promoção de saúde, a integralidade e a garantia de direitos fundamentais como saúde e alimentação.
Ana Luiza Campos, 18 de outubro de 2023
Referencia utilizada para essse texto: RECINE, E. et al.. A formação em saúde pública nos cursos de graduação de nutrição no Brasil. Revista de Nutrição, v. 25, n. 1, p. 21–33, jan. 2012. disponivel em:<https://www.scielo.br/j/rn/a/YmJcNhHgHbwXyvYfmSQM96s/?lang=pt#>
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