Para promover saúde é necessário falar do modo como é produzido nossos alimentos.

A alimentação é uma condição básica de sobrevivência dos seres vivos, porém ela é traduzida de diferentes formas com representações culturais e de sintonia com o tempo. Entender que o alimento pode ser veículo de saúde ou de adoecimento torna ainda mais complexa as discussões em torno desta temática. Atualmente, vivenciamos os contrapontos da alimentação, obesidade e fome crescentes, a escassez e oferta exacerbada de calorias, produção de alimentos com agrotóxicos ou sem agrotóxicos. Como então, se encaixa a saúde e sua relação com produção de alimentos neste contexto?

Como condição básica de sobrevivência a alimentação é um direito, cabendo ao Estado auxiliar neste processo, para que toda a população acesse esta condição. Assim sendo, a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é articulada através de ações da sociedade civil e governo buscando o seu atendimento. A definição brasileira de SAN traz a tríade quantidade, qualidade, acesso aos alimentos, abarcando a regularidade quanto ao oferecimento e a produção, buscando moldes produtivos que sejam ambiental, cultural e economicamente sustentáveis (BRASIL, 2006). Os desafios para o alcance da SAN perpassam por sistema produtivos, caracterizada por uma produção agroexportadora ou diretamente associados à industrialização e sistemas dados pela agricultura familiar. A propagação na agricultura da utilização de agrotóxicos tem sido questões de debates nacionais e internacionais, uma vez que, estes químicos podem trazer prejuízos para a saúde dos trabalhadores pela via ocupacional, assim como para os consumidores pela via alimentar. Estes agrotóxicos tem sido associados ao aparecimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como câncer, alterações hormonais, reprodutivas, danos hepáticos, depressão e lesões de pele. Dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), apresentaram como resultado, que muitos alimentos no Brasil, estão contaminados por resíduos de agrotóxicos acima das concentrações autorizadas, isso se deve ao uso excessivo e inadequado destes químicos, o que compromete a saúde dos indivíduos.

E então, deixar de comer alimentos in natura ou minimamente processados devido a possibilidade de contaminação por agrotóxico é uma alternativa?

Não, porque os produtos ultraprocessados também podem ter alimentos na sua composição cuja a produção teve a utilização destes químicos. Além de que, estes alimentos também tem relação direta com o aparecimento de doenças. O incentivo a alimentação, tendo como base, os alimentos in natura e/ou minimamente processados, favorecem a oferta para o organismo de fibras, vitaminas e minerais indispensável para a saúde dos indivíduos.

Nesse caso, qual a melhor alternativa?

A melhor alternativa é valorizar os pequenos agricultores da sua região, que podem estar em feiras e comércios de alimentos locais. A valorização dos produtores que tem sua base produtiva alimentos sem agrotóxicos e agroecológicos deve acontecer, e isso é possível se como consumidor ocorrer a opção por estes moldes agrícolas. Uma outra alternativa, é que se por ventura, você tiver um espaço em casa que dê para produzir alguns tipos de alimentos, isso favorece a diversidade alimentar e consequentemente a qualidade da alimentação.