Na conversa de hoje falaremos dos impactos da dieta baseada em alimentos ultraprocessados para a saúde humana.
Nas últimas décadas ocorreram mudanças no padrão alimentar da população mundial e houve um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, pois tais alimentos se tornaram mais acessíveis e disponíveis para a população. No Brasil, de 1987 a 2009, esse aumento no consumo de alimentos ultraprocessados foi de 18,7% para 29,6%l.
O maior consumo de alimentos ultraprocessados no padrão alimentar contribui para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e se associam significativamente a um ou mais desfechos negativos de saúde, como o risco maior de incidência de sobrepeso e obesidade. Esses alimentos tendem a ter grandes quantidades de gorduras (trans e saturadas), açúcares adicionados, sódio, aditivos químicos e ao mesmo tempo serem pobres em micronutrientes e fibras. Além disso, ultraprocessados têm características específicas de produção, com técnicas que destroem a matriz alimentar e retiram a água dos alimentos, afetando os sistemas controladores de saciedade no organismo. O baixo teor de água acarreta em uma diminuição da ingestão total de água.
O alto consumo desses alimentos também está associado ao risco do desenvolvimento de hipertensão arterial, de diferentes tipos de câncer, depressão e também com um maior risco geral de mortalidade em adultos. Seus efeitos atingem todas as faixas etárias das populações, desde a obesidade infantil até à fragilidade característica dos idosos, e impactam a saúde a curto, médio e longo prazo. As consequências foram agravadas com a pandemia da Covid-19 que levou à fragilização do estado nutricional da população em decorrência do aumento da fome.
Diante desse cenário apresentado sobre o perfil do consumo de alimentos ultraprocessados, sua relação com diferentes doenças crônicas não transmissíveis e também dos desafios da nutrição e saúde pública, os profissionais de saúde devem ter suas ações em saúde respaldadas pelo Guia Alimentar para a População Brasileira elaborado pelo Ministério da Saúde.
“O guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira, configurando-se como instrumento de apoio às ações de educação alimentar e nutricional no SUS e também em outros setores” (BRASIL, 2014 p. 6.).
De acordo com o Guia Alimentar, a regra de ouro para uma alimentação saudável é: “prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”.
O documento é uma das estratégias para o cumprimento da diretriz de promoção da alimentação adequada e saudável que integra a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, essa diretriz também é uma prioridade na Política Nacional de Promoção da Saúde. Dessa forma, o Guia Alimentar para a População Brasileira é um excelente instrumento para apoiar a alimentação adequada e saudável a nível individual e coletivo, promovendo a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população.
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