Saúde física e mental: em busca do equilíbrio
- renobufv
- 5 de fev. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 1 de set. de 2022
Saiba como elaborar um plano alimentar eficaz no tratamento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis sem prejudicar a saúde mental do paciente

Qual a relação entre alimentação e saúde mental?
Viver num mundo globalizado, altamente tecnológico e multitarefas tem colaborado para deixarmos nossa alimentação em segundo plano e tornou a sociedade cada vez mais refém das dietas americanizadas, com consumo desenfreado de alimentos ultraprocessados (alimentos com alto teor de sal, açúcar e gorduras), pouca atividade física e com níveis elevadíssimos de estresse.
Não é novidade que se alimentar de forma saudável, com consumo elevado de hortaliças, frutas e legumes traz muitos benefícios a saúde. Entretanto, os benefícios à saúde mental que a alimentação saudável promove ainda é um campo com mais perguntas que respostas.
"A alimentação é muito mais do que a ingestão de nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo, ela envolve aspectos culturais, sociais, políticos, emocionais, financeiros... Todos esses aspectos têm influência na saúde e no bem-estar."
Para muitas pessoas, a alimentação pode assumir um papel de auxílio, alívio, conforto; para outras pode gerar medo, ansiedade e rejeição. Ambos os casos são prejudiciais e cabe ao profissional de saúde ter uma postura de escuta ativa, estar atento e agir com empatia para transmitir confiança e segurança, e assim, conseguir desempenhar um bom trabalho junto ao paciente.
De modo prático, alguns alimentos, quando consumidos em excesso, como as frituras que são ricas em gorduras saturadas e gorduras trans, alimentos com grandes quantidades de açúcar em sua composição como doces e biscoitos e, produtos industrializados que têm quantidades gigantescas de conservantes como o ácido benzoico, podem desencadear um processo inflamatório, que causam danos ao cérebro e favorecem o surgimento de doenças como ansiedade e depressão. Esses mesmos alimentos também contribuem para o desequilíbrio na microbiota intestinal, que também exerce uma forte influência no comportamento emocional.
Alimentação saudável: principal aliada na prevenção das DCNT!
Quando pensamos em um plano alimentar para o tratamento das DCNT logo vem a nossa cabeça uma dieta restritiva, com alimentos caros, de difícil acesso e, principalmente, sem graça e sem sabor. Contudo, as orientações e a elaboração do plano precisam ser pautadas na incorporação de uma alimentação que seja saudável, culturalmente aceitável e dentro das possibilidades financeiras dos indivíduos e seus hábitos culturais, além de promover o resgate e reforço de práticas desejáveis.
Como, então, elaborar um bom plano alimentar para o tratamento das DCNT?
A conduta nutricional para o manejo das DCNT precisa levar em consideração alguns aspectos como:
1. Atender às necessidades nutricionais;
2. Promover a perda de peso em casos de sobrepeso e obesidade;
3. Promover a melhora no controle glicêmico;
4.Proporcionar a melhora no perfil lipídico;
5. Manter a pressão arterial em níveis adequados;
6. Contribuir para a manutenção do prazer da alimentação, restringindo os alimentos indicados com base nas evidências científicas;
7. Prevenir e/ou retardar os agravos;
8. Promover a melhora na saúde e o bem-estar geral.
No momento da anamnese alimentar, o nutricionista precisa estar atento e fazer perguntas que possam auxiliar na identificação de alimentos que estão sendo consumidos em excesso e naqueles que poderiam ser incluídos para auxiliar no tratamento das DCNT.
Como estimular o paciente a manter o foco sem sobrecarregá-lo?
É o nosso dever como profissional de saúde estar atento às necessidades dos pacientes e aplicar a conduta mais coerente, respeitando a individualidade e as características de cada pessoa. Quando se trata da abordagem ao paciente com DCNT, o profissional nutricionista deve ter atenção em alguns pontos para colaborar para a manutenção do paciente no plano alimentar prescrito sem que ele se sinta sobrecarregado e desista de pôr em prática o que foi acordado. Para isso:
Faça uma escuta atenciosa. Para além de se preocupar com variáveis antropométricas, clínicas e bioquímicas, o nutricionista (e todos os demais profissionais de saúde), deve se dedicar a ouvir as necessidades, as dores, os desejos e os anseios de seus pacientes. É importante exercer a escuta empática e atenciosa para assim conseguir captar aquilo que não foi dito, observar o paciente, o seu comportamento, a maneira com ele responde (ou não) àquilo que foi perguntado. Para isso, existem ferramentas como o questionário pré-consulta, que pode ser empregado para colher as informações mais pertinentes para a anamnese.
Seja claro. Parece muito óbvio essa orientação, mas o que está muito claro para o nutricionista, pode não ser para o paciente. Explique os porquês! Use uma linguagem descomplicada, simples sem muitos jargões técnicos. Dessa forma a informação é passada de maneira fluida e as chances de o paciente dar seguimento ao plano são muito maiores.
Estabeleça metas realistas. Tenha em mente que esse é um dos principais fatores que desanimam o paciente de seguir o plano alimentar. Um plano alimentar completamente fora da realidade dele (seja financeira, de preferências ou de dificuldade de encontrar algum alimento) é sinônimo de fracasso já nas primeiras semanas. Mesmo que haja a necessidade de incluir um ou outro alimento que não seja do hábito do paciente, isso precisa ser acordado em consulta e estratégias podem ser tomadas como a inclusão de um de cada vez por exemplo. Também pode acontecer de o paciente não gostar de muitos dos alimentos que ele precisará comer, assim, é importante conhecer o que ele gosta e desgosta e ir negociando com calma para que a adesão seja melhor.
Comemore as conquistas com o seu paciente. Reconheça cada vitória do seu paciente, mesmo aquelas pequenas. O sentimento de reconhecimento é um combustível para que ele siga o plano e é um incentivo para que ele se mantenha firme em seu propósito. E, quando as metas não forem alcançadas, faça os ajustes e ressalte os aspectos positivos.
Dica Valiosa: A segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em 2014 traz vários exemplos de pratos que compõem uma alimentação saudável. Vale a pena ler e pôr em prática as suas recomendações.
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